domingo, 18 de julho de 2010

They're not keeping their babies

Tirando o humor ácido semi-inapropriado do título, o que eu quero falar é algo sério e um problema de saúde pública, mas que na verdade é encarado como uma questão moral e isso só atrasa as soluções. Eu já devo ter expressado bem claramente minha opinião por aí, como no twitter, mas ainda queria falar sobre esse tema: o aborto.
De um lado há uma saturação na internet, com diversos textos e discussões entre pessoas contra e favor da prática. Do outro, as mídias mais acessíveis como a televisão se abstém do assunto e refletem a opinião da maioria conservadora que quer deixar tudo como está. Ainda têm aqueles que condenam até aborto em caso de estupro ou anencefalia do feto, as únicas exceções atualmente permitidas por lei, o que para mim é absurdo, pois em nome dessa suposta "defesa da vida" querem violar os direitos da vida da mulher, forçando-a a ter um filho indesejado.
Este ano, duas coisas trouxeram um pouco mais à tona o aborto, mesmo sem a repercussão que mereciam. Uma foi a pesquisa coordenada pela professora Débora Diniz, realizada com duas mil mulheres brasileiras e que colocava em números algo que já se podia imaginar: uma em cada sete mulheres entre 18 e 39 anos já fez aborto pelo menos uma vez na vida. Isso só mostra como é uma prática comum e como elas arriscam suas vidas realizando ilegalmente por falta de estrutura, sendo uma das principais causas de morte materna no país. A segunda coisa foi a aprovação na Câmara do 'Estatuto do Nascituro', projeto que quer proibir a interrupção da gravidez em qualquer circustância, mas que ainda precisa passar por mais duas comissões.
O ativismo prochoice não é um movimento para que as mulheres passem a abortar mais, como muitos acham - e dessa ignorância é que vem termos como 'abortistas', mesmo que a pessoa nunca tenha feito isso -. É apenas para defender a possibilidade de decisão delas, tornando mais seguro o que vai continuar acontecendo de uma forma ou de outra.
No Brasil, como mostra o tal 'Estatuto', os governantes tentam ir contra a sensata tendência mundial de legalização (a Espanha é um dos casos mais recentes), baseando-se em argumentos que não são válidos para todos. Dizer que "aborto é pecado" é um deles, pois isso demonstra uma opinião religiosa que deveria ser subjetiva. E também porque a maioria dos que decidem sobre isso são homens e eles nunca irão engravidar - ou pelo menos, não normalmente, rs -.
Ainda existe uma certa hipocrisia por parte de alguns (ênfase) que não aprovam. Preferem defender a vida de um feto que ainda não está completamente formado, mas tomam atitudes contrárias em outros aspectos. Desejam a pena de morte à criminosos, comem carne de animais que foram sacrificados para estarem em suas mesas, matam diariamente insetos considerados como 'pragas', etc. Essa forma de enxergar a vida é que eu não concordo. Qual a diferença entre a importância da vida de um animal ou de um feto humano? Por que essas pessoas não fazem campanhas contra o assassinato de baratas também?
De qualquer modo, não é o aborto em si. É o direito. Quem é contra isso, por questões que cabem apenas à consciência de cada um, que nunca faça. Mas não tentem impedir outros que pensam diferente de poder escolher. Para mim, isso que é ser contra a vida.
Ah, e uma olhada no site do IPAS, o Vai Pensando Aí, não custa nada. O vídeo de introdução é muito bom e mostra como as pessoas acham que o problema não as atinge.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ditadura da chapinha

- Nossa, você já viu a chapinha da Polishop, uma que tem vapor iônico e tira o frizz todinho?
- Não.
- Ah, devia ver. É incrível, eu tô doida para comprar.
- Hum.
- Mas eu uso uma da Ga.ma que também acho ótima, olha meu cabelo como fica.
- Legal.
- Vem cá, qual você usa?
- Nenhuma.
- Sério que você não tem uma? (expressão de quase horror diante da minha resposta)
- Sim.
- Por quê? Acho que toda mulher tem que ter uma chapinha!
- Mas eu não tenho.
- Poxa, se eu fosse você comprava uma.
- Não tenho nada contra quem alisa, só prefiro manter meu cabelo como ele é. Não faço questão de ter chapinha e pronto.
- Ah...

E aí a pessoa calou-se.